segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bacillus anthracis

Bacillus anthracis é uma bactéria do gênero Bacillus que causa a doença denominada carbúnculo. Esta foi a primeira bactéria a que foi associada uma doença, em 1877 por Robert Koch. O nome específico anthracis advém da palavra grega anthrax (νθραξ), que significa carvão, fazendo referência às lesões da pele que provoca (a pele fica escura).
Como outras espécies de bacilos, B. anthracis tem forma de bastonete e é Gram positiva. Cada célula tem entre 1-6 micrómetro de comprimento. A bactéria produz endósporos que repousam no solo e podem permanecer décadas no estado dormente. Quando ingerida por um herbívoro, começa a sua multiplicação dentro deste, acabando eventualmente por lhe provocar a morte. De seguida alimenta-se da carcaça do animal. Quando esta se acaba, produzem novos endósporos.
B. anthracis tem cerca de 89 estirpes conhecidas, algumas das quais são virulentas. Os seus esporos poderão ser utilizados como armas biológicas, pois a sua inalação é fatal. Outras estirpes são completamente inócuas. As estirpes diferem na presença e actividade de váriosgenes, determinando a sua virulência e a produção de antigénios e toxinas. Como factores de virulência, "B.anthracis" possui uma cápsula, factor letal (codificado pelo gene lef), factor de edema (codificado pelo gene cya) e o antigénio protector (codificado pelo gene pag).

Devido a esta alta resistência, fácil reprodução, baixo custo e grande poder de infecciosidade, o bacilo passou a ser estudado como arma biológica, desde o início do século XX. Foi usado com tal propósito na II Guerra Mundial e o principal objetivo da Guerra do Golfo (1991) foi a destruição das instalações onde estes armamentos estavam estocados. Em 2001 nos EUA, esporos deAnthracis foram enviados a dirigentes com o intuito de bioterrorismo.
O conhecimento científico sendo usado contra os próprios homens, deriva de uma total falta de consciência, ética e profissionalismo, que devem ser contidos para o bem estar da humanidade e da natureza. Este trabalho pretende fazer uma abordagem sobre a utilização do Bacillus anthracis como arma biológica, principalmente no bioterrorismo, elucidando a sua importância biológica e clínica, assim como a postura ética dos cientistas que detém o conhecimento específico sobre os aspectos gerais do bacilo e da doença.
Bacillus anthracis é um bacilo encapsulado, grande, gram positivo, imóvel, aeróbico, formador de esporos (Pile,1998). A forma bacilar apresenta extremidades retas medindo 4–8 µm de comprimento por 1–1,3 µm de largura, isolados e também formando cadeias com aspecto de bambu (Câmara, 2001). Ao contrário dos esporos, a forma vegetativa do bacilo é pouco resistente, sendo destruída pela simples putrefação do cadáver e pela ação de desinfetantes comuns (Lesing, 1984).
Os esporos são muito resistentes aos fatores ambientais, podendo apresentar uma sobrevida de até duzentos anos e são vistos como corpos refringentes dentro da bactéria e não deformam a célula (Câmara, 2001). Apresentam a propriedade de se manter viáveis por longo tempo em derivados animais, no meio industrial e no solo. Resistem ao calor e a desinfetantes químicos. Para serem destruídos é necessária uma temperatura ao redor de 140º Celsios, mantida por três horas. Sobrevivem 70 horas em uma solução de cloreto de mercúrio a 0,1% (Pile et al, 1998.).
Grande parte da virulência do bacilo depende dos polipeptídeos capsulares que de alguma forma, bloqueiam e ou até vencem os mecanismos de defesa do hóspede. Sua cápsula antifagocítica é composta de D-glutamato (esta é uma característica diferencial, pois as cápsulas das outras bactérias são polissacarídicas) (Levinson, 2005).
Para conduzir à etiologia, macrófagos fagocitam os esporos no sítio de entrada, em seguida os esporos germinam em células vegetativas que se revestem de uma cápsula formada por um polipeptídeo poli-glutamato, o qual lhe confere uma proteção contra a fagocitose. A bactéria se multiplica rapidamente e injeta uma potente e complexa exotocina. Os esporos quando inalados, são conduzidos aos linfonodos traquiobrônquicos onde ocorre a ingestão e a germinação. As toxinas produzidas pela propagação do Bacillus anthracis  causam edema, hemorragia e necrose de tecido local. A inalação do bacilo pode levar ao óbito como resultado da combinação entre insuficiência respiratória com edema pulmonar, bacteremia maciça com meningite, freqüentemente.
Na forma cutânea, normalmente, o microorganismo pode penetrar no corpo por uma lesão dérmica. O carbúnculo, após dias de incubação, desenvolve uma infecção com uma pequena lesão rosada quase roxa, parecida com uma picada de pulga. Aumenta de tamanho tornando-se edematosa convertendo-se em pápula, desenvolvendo-se rapidamente para vesícula e seguindo para pústula. Esta, primeiramente cheia de líquido hemorrágico que se converte para exudato hemoporulento, que lhe da uma tonalidade púrpura escura a negra. O tecido vizinho se torna edematoso. Passados os primeiros dias, as vesículas  se rompem e exudam um líquido serosanguinolento e no  lugar da rutura, forma-se uma úlcera negra, indolor e resistente com edema  periférico que se estende. 
A outra forma da doença resulta da ingestão de carne ou derivados contaminados, caracteriza-se por uma inflamação aguda do trato gastrointestinal, que pode evoluir para uma úlcera e ocorre após um período de incubação de 1 a 7 dias. A forma gastrointestinal é extremamente rara e resulta em óbito em 25% a 60% dos casos.
A toxina do Bacillus anthracis é composta de três tipos de proteínas, que agem simultaneamente: PA = fator antígeno protetor, pode prevenir a formação do edema. São enzimas que potencializam as outras frações, sendo inativas quando sozinhas (fator II); EF = fator de edema, é uma adenilase-ciclase sendo responsável pela formação de edemas (fator I) e LF = fator letal, toxina essencial para o efeito letal do Bacillus anthracis (fator III). Estes fatores quando sozinhos não possuem  efeitos tóxicos no organismo, porém as suas combinações as tornam extremamente potentes causando efeito letal (PA + FL), efeito edematosso (EF + PA) e edema, necrose e efeito letal quando presente os três fatores juntos (EF+ PA + LF). Assim sendo, os três principais componentes que determinam a virulência do  Bacillus anthracis são a cápsula bacteriana, o fator edema e o fator letal de sua toxina, que são fundamentais para a instalação e proliferação junto ao ponto de infecção. 




Cocaína de acordo com Freud

“ A planta coca, Erythroxylon coca, é um arbusto de cerca de 1,20 m a 1,80m de altura, amplamente cultivada na América do Sul, em particular no Peru e na Bolívia, cresce melhor nos quentes vales das encostas orientais dos Andes, situados 1.500 a 2.000 m acima do nível do mar. As folhas têm formato oval, com 5 a 6 cm de comprimento; o arbusto dá flores pequenas e brancas e produz frutos vermelhos de formato oval.
Quando os conquistadores espanhóis invadiram o Peru, descobriram que a planta coca era cultivada e tida
em alta consideração naquele país, estando intimamente ligada aos costumes religiosos do povo. A lenda afirmava que Manco Capac, o divino filho do Sol, havia descido dos penhascos do lago Titicaca em tempos primevos, trazendo  a luz de seu pai para os infelizes habitantes do país, que lhes trouxera o conhecimento dos deuses, lhes ensinara as artes úteis e lhes dera a folha de coca, essa planta divina que sacia os famintos, dá forças aos débeis e faz com que esqueçam seus infortúnios.
 As folhas de coca eram oferecidas em sacrifício aos deuses, mascadas durante cerimônias religiosas e até
mesmo colocadas na boca dos mortos, a fim de lhes garantir uma recepção favorável no além. Os espanhóis não acreditavam nos efeitos maravilhosos da planta, que desconfiavam ser obra do demônio, principalmente pelo papel que desempenhava no ritual religioso, chegando a proibir o seu uso sob a alegação de que era pagã e pecaminosa; mas esta atitude mudou, no entanto, quando os conquistadores perceberam que os índios não conseguiam executar o trabalho pesado que lhes era imposto se fossem proibidos de mascar coca. Diante disto, os espanhóis transigiram, a ponto de distribuir as folhas aos trabalhadores três ou quatro vezes ao dia.2
A mais antiga recomendação da coca consta do ensaio do Dr.Monardes em 1569, que louva o efeito prodigioso da planta no combate à fome e à fadiga. Em 1749 a planta foi trazida para a Europa e classificada no gênero Erythroxylon. Em 1786 apareceu na Encyclopédie méthodique botanique, de Lamarck, sob o nome de Erythroxylon coca”.

Bactéria resistente a antibióticos se espalha pelo sul da Ásia e chega à Europa

Turistas que viajam ao sul da Ásia para realizar tratamentos de beleza têm levado uma nova classe de superbactérias resistentes a antibióticos para a Grã-Bretanha, informaram cientistas nesta quarta-feira em estudo publicado na revista médica britânica The Lancet, alertando que o agente infeccioso poderia se espalhar pelo mundo todo.

Muitas infecções hospitalares, já difíceis de tratar, ficaram ainda mais inacessíveis a drogas por causa de um gene recém-descoberto capaz de se fazer presente em vários tipos de bactérias. O gene, denominado NDM-1 (sigla em inglês para metalo-betalactamase 1 de Nova Délhi), foi identificado pela primeira vez no ano passado por Timothy Walsh, professor de microbiologia da Universidade de Cardiff, em dois tipos de bactéria, a 'Klebsiella pneumoniae' e a 'Escherichia coli', em um paciente sueco tratado em um hospital indiano.

A nova bactéria dotada do gene NDM-1 mostrou-se preocupantemente resistente até mesmo aos carbapenemas, grupo de antibióticos frequentemente usado como último recurso para o tratamento emergencial de infecções causadas por patógenos resistentes a vários tipos de medicamentos.

Segundo os cientistas, as novas bactérias chegaram à Grã-Bretanha trazidos por pacientes que viajaram para a Índia ou o Paquistão para realizar tratamentos cosméticos.

— Se estas infecções não tiverem tratamento adequado, então certamente podemos contar com alguma mortalidade — alertou Walsh, em declarações à rádio BBC.

— Será muito difícil tratar pacientes com infecções causadas por este tipo de bactéria. Não nos sairemos bem — afirmou.

No novo estudo, conduzido por Walsh e Karthikeyan Kumarasamy, da Universidade de Madras, os cientistas quiseram determinar a presença de bactérias com o gene NDM-1 no Sul da Ásia e na Grã-Bretanha, onde alguns casos foram registrados. Ao acompanhar pacientes com sintomas suspeitos, eles encontraram 44 casos (1,5% dos investigados) em Chennai e 26 (8%) em Haryana, na Índia.

Eles também detectaram a superbactéria em Bangladesh e no Paquistão, bem como em 37 casos na Grã-Bretanha, alguns em pacientes que retornaram recentemente de viagens durante as quais fizeram cirurgias estéticas na Índia e no Paquistão.

— A Índia também realiza cirurgias cosméticas em outros (pacientes) europeus e americanos, e (portanto) é provável que a NDM-1 se espalhe mundialmente — alertou o estudo.

O gene NDM-1 foi encontrado, sobretudo, na E. coli, uma causa comum de infecções adquiridas do trato urinário, e na K. pneumoniae, e mostrou-se resistente a quase todos os antibióticos, com exceção da tigeciclina e da colistina.

A emergência destas cepas bacterianas resistentes antibióticos pode se tornar um sério problema de saúde pública, que se defronta com a nova ameaça de uma ampla classe de bactérias - incluindo aquelas dotadas do gene NDM-1 - conhecida como "Gram-negativas", alertaram os pesquisadores.

— Há poucos novos antibióticos anti-Gram-negativos sendo desenvolvidos e nenhum é eficaz contra (bactérias com o gene) NDM-1", ressaltou o estudo.

Em relação ao período necessário para tratar infecções com bactérias dotadas do gene NDM-1, "não haverá novos antibióticos disponíveis no prazo de 10 anos", disse Walsh, segundo quem a ameaça não se circunscreve aos hospitais.