sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DIU pode reduzir em cerca de 50% o risco de câncer de colo de útero, segundo artigo publicado no The Lancet Oncology


A utilização de um dispositivo contraceptivo intra-uterino (DIU) pode proteger contra o risco de desenvolver câncer cervical, embora não proteja contra a infecção cervical pelo papilomavírus humano (HPV), de acordo com estudo realizado pelo Instituto Catalão de Oncologia, na Espanha, publicado pelo The Lancet Oncology.
Uma análise combinada de 26 estudos epidemiológicos mostrou que o uso de dispositivo intra-uterino (DIU) pode reduzir o risco de desenvolver câncer cervical em cerca de 50%, mas não protege contra a infecção pelo vírus HPV.
Foi realizada uma análise combinada de dados individuais a partir de dois grandes estudos da International Agency for Research on Cancer e do Institut Català d'Oncologia – Barcelona, na Espanha. Um estudo incluiu dados de dez estudos caso-controle de câncer cervical feito em oito países e os outros dados incluídos vieram de 16 estudos de prevalência de HPV em mulheres da população geral em 14 países. Um total de 2.205 mulheres com câncer de colo do útero e 2.214 mulheres no grupo controle que não tinham câncer cervical foram incluídas a partir dos estudos de caso-controle e 15.272 mulheres saudáveis a partir de pesquisa com o HPV. Informações sobre o uso do DIU foram obtidas por entrevista pessoal. O HPV foi testado pela técnica de PCR.
Após o ajuste para covariáveis relevantes, foi encontrada uma forte associação inversa entre o uso de DIU e o câncer cervical, em relação aos tipos mais comuns do tumor – redução de probabilidade de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas em 44% e adenocarcinoma ou carcinoma adenoescamoso em 54%. O DIU não afetou o risco de infecção pelo HIV. O período de tempo que as mulheres usavam o DIU não alterou significativamente o risco, uma vez que o risco foi reduzido quase pela metade no primeiro ano de utilização e o efeito protetor permaneceu significativamente o mesmo após 10 anos de uso do dispositivo.
Os dados sugerem que o uso de DIU pode agir como um cofator de proteção na carcinogênese cervical. Os cientistas, liderados pelo pesquisador Xavier Castellsague, acreditam que no processo de inserção ou remoção deste dispositivo as células pré-cancerosas possam ser destruídas ou que haja uma inflamação responsável por provocar aumento da imunidade celular. Estes podem ser alguns dos vários mecanismos que poderiam explicar os achados.
Fonte: The Lancet Oncology

Naproxeno e ibuprofeno são mais seguros em relação aos riscos cardiovasculares dos anti-inflamatórios, publicado pela revista PLoS Medicine

Ensaios clínicos randomizados têm destacado os riscos cardiovasculares do uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) em doses elevadas. O presente estudo, publicado pela revista PLoS Medicine, fornece estimativas de risco dos AINHs em doses individuais típicas em ambientes comunitários.
Uma revisão sistemática foi realizada envolvendo estudos observacionais controlados e realizados na comunidade. Os principais eventos cardiovasculares associados ao uso individual de AINHs, em diferentes doses e em populações de baixo e de alto risco para desenvolver eventos cardiovasculares, foram avaliados. Alguns pares de drogas foram comparados nas análises. Trinta estudos caso-controle incluindo 184.946 eventos cardiovasculares e 21 estudos de coorte descreveram os resultados observados em mais de 2,7 milhões de indivíduos expostos. Dos medicamentos amplamente estudados (dez ou mais estudos), os maiores riscos observados foram com o rofecoxibe e com o diclofenaco. Os menores riscos foram encontrados com o uso de ibuprofeno e naproxeno. Dos medicamentos menos estudados, o etoricoxibe, o etodolac e a indometacina tiveram os maiores riscos. Nas comparações por pares de medicamentos, o etoricoxib teve um risco relativo maior do que o ibuprofeno. O naproxeno apresentou risco significativamente menor do que o ibuprofeno.
Esta revisão sugere que, entre os AINHs amplamente utilizados, o naproxeno e o ibuprofeno em baixas doses são menos prováveis de aumentar o risco cardiovascular. O diclofenaco nas doses disponíveis para compra sem prescrição médica eleva o risco. Os dados para o etoricoxib foram escassos, mas em pares de comparações essa droga tinha um risco relativo significativamente maior do que o do naproxeno ou do ibuprofeno. A indometacina é uma droga mais antiga, mais tóxica e as evidências sobre o risco cardiovascular lançam dúvidas sobre seu uso clínico continuado.
Fonte: PLoS Medicine

Victoza (liraglutida): Anvisa esclarece sobre as indicações do medicamento

A Diretoria Colegiada da Anvisa faz esclarecimentos para veículos de imprensa e para instituições ligadas à saúde (como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Federal de Farmácia) sobre as indicações do medicamento Victoza (liraglutida), e afirma que a medicação é indicada para o tratamento de diabetes tipo 2 e não deve ser usada para emagrecimento.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclarece que o Victoza é um produto “biológico”. Ou seja, trata-se de uma molécula de alta complexidade, de uso injetável, contendo a substância liraglutida. O medicamento, fabricado pelo laboratório Novo Nordisk, foi aprovado pela Anvisa para comercialização no Brasil em março de 2010, com a finalidade de uso específico no tratamento de diabetes tipo 2. Portanto, seu uso não é indicado para emagrecimento.
A indicação de uso do medicamento aprovada pela Anvisa é como “adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2, para administração uma vez ao dia como monoterapia ou como tratamento combinado com um ou mais antidiabéticos orais (metformina, sulfoniluréias ou uma tiazollidinediona), quando o tratamento anterior não proporciona um controle glicêmico adequado”.
A agência ainda esclarece que trata-se de um medicamento “biológico novo” e, embora pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos, que nesses casos devem ser informados ao médico.
Em estudos clínicos e nos relatórios apresentados à Anvisa foram relatados eventos adversos associados ao Victoza (liraglutida), sendo os mais frequentes: hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarreia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireoide, como nódulos e casos de urticária.
Outra questão de risco associada aos produtos biológicos são as reações de imunogenicidade, que podem variar desde alergia e anafilaxia até efeitos inesperados mais graves. No caso da liraglutida, a mesma apresentou um perfil de imunogenicidade aceitável para a indicação como antidiabético.
Para o caso de inclusão de novas indicações terapêuticas deve-se apresentar estudo clínico Fase III comprovando a eficácia e segurança desta nova indicação.

Fonte: ANVISA