segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dermatofitoses

Dermatofitoses ou tinhas são micoses causadas por um grupo de fungos conhecidos como dermatófitos.
Suas espécies distribuem-se em três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. O gênero Epidermopphyton apresenta uma única espécie de importância: E. floccosum. O gênero Microsporum compreende espécies como Microsporum canis, M. gypseum, M. audouinii, M. cookei e M. nanum.
O gênero Trichophyton tem como espécies mais importantes Trichophyton rubrum, T. mentagrophytes,T. tonsurans, T. schoenleinii, T. violaceum e T. verrucosum. 
As manifestações clínicas decorrentes das dermatofitoses resultam tanto da colonização e multiplicação dos dermatófitos na camada córnea da pele, quanto pela conseqüente reação dos hospedeiros. Tradicionalmente, as dermatofitoses são classificadas clinicamente de acordo com as localizações anatômicas afetadas por estes fungos. A denominação de cada tipo de dermatofitose é feita adicionando-se um nome latino que designa o local do corpo afetado à palavra tinea.

Os dermatófitos são fungos filamentosos, que formam hifas organizadas em micélios. Alimentam-se da proteína humana queratina.
Infectam os tecidos superficiais constituídos por células mortas e queratinizadas, como as da pele, pêlos (incluindo cabelo) e unhas, mas não afectam os tecidos vivos.
Há três géneros relacionados de dermatófitos:
  1. Trichophyton: as espécies mais importantes são T. tonsurans, T. mentagrophytes, T. rubrum e T. shoenleinii.
  2. Microsporum: as espécies mais frequentes são M. audouinii, M. canis, M. gypseum.
  3. Epidermophyton: E. floccosum.
Quanto mais distante fenogonéticamente, maior a respostas imunológica!

Epidemiologia 
É endêmica em todo o mundo. Alguns, como o M.gypseum são geofílicos, ou seja existem no solo e infectam por contacto continuado com o mesmo. Outros infectam principalmente animais, como o M. canis, podendo contaminar também pessoas.

Diagnóstico laboratorial das dermatofitoses
No diagnóstico laboratorial das dermatofitoses, como em outras micoses, a colheita do material clínico
assim como a sua conservação e transporte devem ser realizados de forma adequada já que influenciarão
muito no resultado final do exame laboratorial.
É importante assegurar-se que o paciente não esteja fazendo uso de medicação antifúngica no momento da colheita. Caso isto ocorra, é necessário que haja a suspensão do uso do mesmo por pelo menos duas semana antes da colheita do material. É importante também se levar em consideração a quantidade de material a ser colhido. Deve-se procurar colher uma quantidade de material que seja suficiente para a realização de pelo menos dois exames laboratoriais. Entretanto, em algumas situações, em razão
da pouca descamação observada na lesão, não é possível colher grande quantidade de material.
Quando da realização da colheita do material biológico deve-se respeitar a questão do crescimento radial do fungo na lesão. Assim, deve-se evitar colher material em áreas lesionadas mais antigas como o centro das lesões na pele e a região distal das unhas infectadas, pois o fungo geralmente apresenta-se em menor quantidade ou com pouca viabilidade nestes locais.
Os cabelos devem ser coletados junto com a raiz, já que o fungo está presente próximo a estas áreas.
Já lesões de pele devem ser raspadas na região intermediária entre a parte lesionada e a parte sã, partindo-
se da região próxima ao centro em direção à periferia da lesão. Quando não for possível evidenciar esta diferenciação, deve raspar áreas representativas das lesões.
O teto de bolhas e vesículas pode ser cortado com tesoura e coletado evitando-se, entretanto, o líquido
contido nas mesmas, pois geralmente apresenta poucos elementos fúngicos. Já o material de lesões
supuradas deve ser colhido com “swab” em virtude da dificuldade de se realizar raspagens neste tipo
de lesão.
As unhas devem ser preferencialmente raspadas na sua área distrófica ou descorada até quase atingir
o leito ungueal. O material queratinizado que se acumule embaixo da unha também deve ser coletado.
Como o material biológico colhido das lesões por dermatofitoses geralmente compõe-se de material sólido,
o mesmo deve ser transportado em recipientes secos como placas de Petri pequenas ou mesmo em
envelopes de papel resistentes. Caso não seja possível realizar o exame laboratorial logo após a coleta, o
mesmo pode ser mantido em ambiente seco e ao abrigo da luz por pelo menos uma semana.


Exame microscópico direto
No exame microscópico direto o material colhido deve ser tratado com clarificantes, como o hidróxido de potássio (potassa) em uma concentração de 10-30%, para que as estruturas fúngicas presentes possam ser adequadamente visualizadas ao microscópio.
Os dermatófitos em geral apresentam morfologia semelhante entre si ao exame microscópico direto.
Em pele e unhas o aspecto mais observado é o da presença de filamentos micelianos septados de tamanho variável e que podem estar ramificados. É possível observar a presença de artroconídeos nos quais
os filamentos micelianos separam-se fisicamente em nível dos septos e posteriormente os mesmos arredondam-se formando cadeias semelhantes a um colar de contas. Entretanto, deve-se ter grande cuidado na leitura microscópica, procurando-se esquadrinhar todas as áreas da lâmina contendo o material clarificado, já que resultados falso-negativos são comuns em amostras de material contendo poucos elementos fúngicos.

Nos cabelos os dermatófitos apresentam-se como estruturas arredondadas (artroconídeos) e mais raramente
filamentos micelianos, podendo estar tanto localizadas fora do cabelo, sendo chamadas de parasitismo por ectothrix, como dentro dos pelos, sendo chamados de parasitismo por endothrix. Entre as espécies cuja invasão ao cabelo produz o tipo ectothrix de parasitismo, podemos citar o M. canis, M. gypseum e T. mentagrophytes. Já aquelas associadas ao tipo endothrix estão T. tonsurans e T. violaceum, entre outros.
Os resultados devem ser expressos de maneira a se fazer uma descrição morfológica clara e concisa das estruturas fúngicas observadas à microscopia.




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