segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diuréticos osmóticos, Diuréticos de Alça, Inibidores de Anidrase Carbônica, Diuréticos Tiazídicos, Inibidores competitivos da aldosterona

1. INTRODUÇÃO
Diuréticos são fármacos que aumentam a eliminação de eletrólitos (especialmente sódio e íons cloreto) e água. Esses fármacos são utilizados no tratamento de edemas resultantes de uma variedade de causas, como por exemplo insuficiência cardíaca congestiva, síndrome nefrótica, doenças crônicas do fígado, em associação à hipertensão, hipercalcemia, diabetes, glaucoma, entre outros. 

2. CLASSIFICAÇÃO
Podem ser assim classificados: 
1) Diuréticos de alta eficácia (> 15%) ou potentes, com ação na porção espessa ascendente na alça de Henle, como furosemida e bumetanida; 
2) Diuréticos de eficácia média (5% a 10%), com ação na porção inicial do túbulo distal: tiazídicos e correlatos − clorotiazida, hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida; 
3) Diuréticos fracos ou adjuntivos (≤ 5%), em geral poupadores de potássio, com ação na porção final do túbulo distal (troca de Na+, K+/H+) − amilorida, triantereno e espironolactona, este último antagonista competitivo da aldosterona.

3. FISIOLOGIA RENAL
Os rins desempenham duas funções primordiais no organismo: 1º) eliminação de produtos terminais do metabolismo orgânico, como uréia, creatinina e ácido úrico e, 2º) controle das concentrações da água e da maioria dos constituintes dos líquidos do organismo, tais como sódio, potássio, cloro, bicarbonato e fosfatos. 
Cerca de 25% do débito cardíaco é enviado aos rins, com sua quase totalidade reabsorvida (cerca de 99%). A taxa de filtração glomerular é de 120mL por minuto. E cerca de 1,5L de urina são eliminados diariamente, dependendo do tamanho corporal, idade, capacidade de filtração e de reabsorção renal do paciente. 
Os principais mecanismos através os quais os rins exercem as suas funções são a filtração glomerular, a reabsorção tubular e a secreção tubular de diversas substâncias.

O processo de transporte de substâncias através dos rins são: 
1) Transporte passivo;
2) Difusão simples;
3) Difusão facilitada (uniporte); 
4) Transporte Ativo - Usam energia da hidrólise de ATP
5) Simporte (co-transporte);
6) Antiporte (Contra-transporte). 

Para uma melhor compreensão das principais funções renais, segue abaixo:
A) FILTRAÇÃO GLOMERULAR
A filtração do plasma nos glomérulos, obedece às diferenças de pressão existentes no glomérulo. A pressão nas artérias arqueadas é de aproximadamente 100mmHg. As duas principais áreas de resistência ao fluxo renal através do néfron são as arteríolas aferente e eferente. A pressão de 100mmHg na arteríola aferente, cái para uma pressão média de 60mmHg nos capilares do glomérulo, sendo esta a pressão que favorece a saída do flitrado do plasma para a cápsula de Bowman. A pressão no interior da cápsula de Bowman é de cerca de 18mmHg. Como nos capilares glomerulares 1/5 do plasma filtra para o interior da cápsula, a concentração de proteinas aumenta cerca de 20% à medida que o sangue passa pelos capilares do glomérulo, fazendo com que a pressão coloidoosmótica do plasma se eleve de 28 para 36mmHg, com um valor médio de 32mmHg, nos capilares glomerulares. A pressão no interior da cápsula de Bowman e a pressão coloido-osmótica das proteinas do plasma são as forças que tendem a dificultar a filtração do plasma nos capilares glomerulares. Dessa forma a pressão efetiva de filtração nos capilares glomerulares é de apenas 10mmHg, ou seja, a diferença entre a pressão arterial média nos capilares (60mmHg) e a soma da pressão da cápsula de Bowman com a pressão coloido-osmó- tica do plasma.

B) REABSORÇÃO TUBULAR
O filtrado glomerular que alcança os túbulos do néfron flui através do túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e canal coletor, até atingir a pelve renal. Ao longo desse trajeto mais de 99% da água filtrada no glomérulo é reabsorvida, e o líquido que penetra na pelve renal constitui a urina propriamente dita. O túbulo proximal é responsável pela reabsorção de cerca de 65% da quantidade de água filtrada nos capilares glomerulares, sendo o restante reabsorvido na alça de Henle e no túbulo distal. A glicose e os aminoácidos são quase inteiramente reabsorvidos com a água enquanto outras substâncias, por não serem reabsorvidos no túbulos, tem a sua concentração no líquido tubular aumentada em cerca de 99 vêzes.
A reabsorção da glicose exemplifica bem os mecanismos de reabsorção de determinadas substâncias dentro dos túbulos renais. Normalmente não existe glicose na urina ou no máximo, existem apenas ligeiros traços daquela substância, enquanto no plasma a sua concentração oscila entre 80 e 120mg%. Toda a glicose filtrada é ràpidamente reabsorvida nos túbulos. À medida que a concentração plasmática de glicose se aproxima dos 200mg%, o mecanismo reabsortivo é acelerado até atingir o ponto máximo, em que a reabsorção se torna constante, não podendo ser mais aumentada. Esse ponto é chamado limiar de reabsorção da glicose. Acima do valor plasmático de 340mg%, a glicose deixa de ser completamente absorvida no sistema tubular e passa para a urina, podendo ser facilmente detectada pelos testes de glicosúria. 
Os produtos terminais do metabolismo, como a uréia, creatinina e uratos tem outro tratamento nos túbulos renais. Apenas quantidades moderadas de uréia, aproximadamente 50% do total filtrado, são reabsorvidos nos túbulos enquanto a creatinina não é reabsorvida. Os uratos são reabsorvidos em cerca de 85%, da mesma forma que diversos sulfatos, fosfatos e nitratos. Como todos são reabsorvidos em muito menor proporção que a água, a sua concentração aumenta significativamente na urina formada.
A reabsorção nos túbulos renais obedece à diferença de concentração das substâncias entre o espaço intersticial peri-tubular e os vasos retos peritubulares. A reabsorção de água é dependente da reabsorção de íon sódio, que é o soluto mais reabsorvido nos túbulos renais. Existem ainda dois mecanismos de intercâmbio muito importantes. O primeiro se refere à troca de íon sódio (Na+) pelo íon hidrogênio (H+), nos túbulos, como parte dos mecanismos de regulação renal do equilíbrio ácidobásico. Quando há necessidade de eliminar íon hidrogênio, os túbulos secretam ativamente o hidrogênio para a luz, dentro do filtrado e, em troca, para manter o equilíbrio iônico absorvem o íon sódio. O outro mecanismo de intercâmbio corresponde à reabsorção de íons cloreto (Cl- ) quando há necessidade de se eliminar ácidos orgânicos pelo mecanismo de secreção tubular. Os mecanismos de transporte na reabsorção tubular podem ser ativos ou passivos, dependendo da necessidade de utilizar energia celular para a sua realização. O sódio, a glicose, os fosfatos e os aminoácidos estão entre as substâncias cujo transporte é feito com utilização de energia celular, transporte ativo, enquanto o transporte da água, uréia e cloretos não necessita consumir a energia das células (transporte passivo).

C) SECREÇÃO TUBULAR
A secreção tubular atua em direção oposta à reabsorção. As substâncias são transportadas do interior dos capilares para a luz dos túbulos, de onde são eliminadas pela urina. Os mecanismos de secreção tubular, à semelhança dos mecanismos de reabsorção, podem ser ativos ou passivos, quando incluem a utilização de energia pela célula para a sua execução ou não. Os processos de secreção mais importantes estão relacionados à secreção tubular de íon hidrogênio, potássio e amônia. Determinadas substâncias são eliminadas do organismo pelos mecanismos de secreção tubular, após metabolização no fígado.

4) CLASSES E MECANISMOS DE AÇÃO:
Os diuréticos são substâncias que aumentam a formação de urina e sua principal aplicação é reduzir a quantidade total de líquidos no organismo. Durante a circulação extracorpórea alguns diuréticos podem ser utilizados, com aquele objetivo. As diversas substâncias com efeitos diuréticos tem mecanismos de ação diferentes. Ao se administrar um diurético, ocorre a eliminação associada de sódio e água. Se o diurético eliminasse apenas a água dos líquidos orgânicos, haveria um aumento da concentração de sódio nos líquidos, que se tornariam hipertônicos e provocariam uma resposta dos receptores osmóticos, seguida de aumento da secreção do hormônio antidiurético. O excesso desse hormônio promoveria a reabsorção de grande quantidade de água nos túbulos, anulando os efeitos do diurético. Quando o sódio é eliminado junto com a água, a concentração iônica dos líquidos se mantém e não há estimulação antidiurética.

A) Diuréticos osmóticos 
O manitol é uma substância que quando injetada na circulação, pode atravessar facilmente os poros da membrana glomerular, sendo inteiramente filtrada pelos glomérulos. Suas moléculas, contudo, não são reabsorvidas nos túbulos renais e a sua presença no líquido dos túbulos gera uma sobrecarga osmótica importante. Essa pressão osmótica elevada no interior dos túbulos impede a reabsorção da água, fazendo com que grandes quantidades de filtrado glomerular atravessem os túbulos e sejam eliminados como urina. Níveis muito elevados de glicose no sangue produzem uma diurese osmótica semelhante à do manitol. 
Obs.: O manitol também é utilizado via oral devido a propriedade osmótica, geralmente indicado para exames de colonoscopia - concentração 20%. 

B)Diuréticos de Alça
São substâncias capazes de reduzir os sistemas transportadores nas células tubulares, diminuindo a reabsorção ativa dos solutos tubulares e, portanto, aumentando a pressão osmótica no interior dos túbulos, propiciando grande aumento da eliminação de urina. 
Os principais diuréticos desse tipo são a furosemida e o ácido etacrínico. 
A furosemida bloqueia a reabsorção ativa do íon cloro na porção ascendente da alça de Henle e no segmento restante do túbulo distal. Como os íons cloro não são reabsorvidos, os íons positivos absorvidos em conjunto, principalmente o sódio também não são absorvidos. O bloqueio da reabsorção de cloro e sódio determina diurese, porque permite que grandes quantidades de solutos sejam levadas até os túbulos distais onde atuam como agentes osmóticos e impedem a reabsorção da água. Além disso, a incapacidade de reabsorver íons cloro e sódio pela alça de Henle para o interstício medular, diminui a concentração daqueles íons no líquido intersticial medular e a capacidade de concentrar urina fica muito reduzida. Esses dois mecanismos tornam a furosemida um diurético muito eficiente. Existem outros diuréticos que atuam por mecanismos diferentes, mas não são aplicados nas situações agudas, como na circulação extracorpórea.


C) Inibidores de Anidrase Carbônica
A anidrase carbônica está presente em vários pontos do néfron, incluindo membranas luminal e basolateral, no citoplasma das células epiteliais e nas hemácias da circulação renal. Contudo, a predominância dessa enzima é na membrana luminal do túbulo proximal, catalizando a desidratação do H2SO3. Os inibidores de anidrase bloqueiam a reabsorção do bicarbonato de sódio no túbulo proximal, gerando diurese de NaHCO3 e diminuição das reservas corporais totais de bicarbonato. A anidrase também está envolvida na secreção de prótons no ducto coletar, portanto, este se torna um local secundário para a ação do fármaco. 

D) Diuréticos Tiazídicos 
Os diuréticos tiazídicos foram os primeiros anti-hipertensivos disponíveis para uso em larga escala. Lançados em meados dos anos 50, continuam a ser administrados, isolados ou em associação, a milhões de hipertensos em todo o mundo. Foi com essa classe de drogas que se demonstrou redução da morbimortalidade com o tratamento anti-hipertensivo. Os derivados tiazídicos, como a clortalidona e hidroclorotiazida, atuam basicamente na parte proximal dos túbulos contorcidos distais, bloqueando o cotransportador de sódio-cloreto na membrana luminal das células tubulares. Sob condições favoráveis, esses agentes fazem com que de 5% a 10% do filtrado glomerular passe para a urina.

E) Inibidores competitivos da aldosterona
Temos como antagonistas da aldosterona a espironolactona e esplerenona, que competem com esse hormônio pelos sítios receptores nas células epiteliais do túbulo coletor cortical, reduzindo a absorção de sódio e secreção de potássio nesse segmento tubular. Consequentemente, o sódio permanece no túbulo agindo como diurético osmótico e causando aumento da excreção de água e sódio. Na medida em que esses fármacos bloqueiam os efeitos da aldosterona de promover a secreção de potássio pelos túbulos, eles diminuem a excreção desse íon, aumentando sua concentração no líquido extracelular, e por isso são referidos como diuréticos poupadores de potássio.


Um estudo sobre os diferentes tipos de reações adversas: Reações adversas dos diuréticos

quarta-feira, 29 de junho de 2016

A capacidade da hanseníase enganar o sistema imunológico (Lepra)


O estudo sobre a Hanseníase veio ao conhecimento através da pesquisa de Moraes, publicada na revista Journal of Infectious Diseases. Nesse estudo foi demonstrado a capacidade que a bactéria apresenta de enganar o sistema imunológico dos indivíduos infectados, por liberar partes do DNA ao infectar as células do hospedeiro. Esse processo desencadeia a ativação do sistema imunológico ao identificar o material genético. O sistema imunológico interpreta como uma infecção viral, interpretando de forma errada o tipo de infecção, o que faz com que enzimas sejam enviadas para quebrar as moléculas de DNA, mas não atinjam as bactérias. O organismo está preparado para combater uma infecção viral, ficando susceptível a outras infecções. Quer dizer, quando um tipo de reação imunológica é modulada, outras modulações são inibidas, assim como muitas vias bioquímicas não ocorrem ao mesmo tempo. Então a bactéria apresenta meio intracelular favorável para proliferação. Nesse estudo os pesquisadores demonstraram que o interferon aumenta a atividade do gene OASL, consequentemente a eliminação do agente invasor é comprometida.