quinta-feira, 19 de maio de 2011

Polietilenoglicois

Abreviadamente designados por polietilenoglicois (PEG), constituem um grupo de excípientes hidrossolúveis, não voláteis, dotados de consistência adequada, quando em misturas criteriosamente escolhidas, e estáveis em presença de numerosos fármacos.
De uma maneira geral, são bem tolerados pela pele, e segundo TURSING e colaboradores
são totalmente atóxicos quando utilizados externamente. Do ponto de vista químico, obtêm-se por polimerização a partir do óxido de etileno, que se faz reagir com o glicol ordinário:

HOCH2 — CH2OH + n (H3CX~ZCH2) —— > HOCR, — (CH2OCH2)n — CH2OH
                                                       O
Podem apresentar-se como corpos sólidos ou líquidos mais ou menos viscosos, o que depende do grau de polimerização do radical oxietilénico. Efetivamente, à medida que cresce a polimerização e, portanto, o peso molecular, aumenta a viscosidade, o ponto de fusão e de solidificação e a densidade, diminuindo a higroscopia e a solubilidade nos dissolventes orgânicos e na água. De um modo geral, são solúveis na água, no álcool, na acetona e no clorofórmio e insolúveis no éter, nos óleos, nas gorduras e na
parafina.
Sào classificados por números que dão uma ideia aproximada do peso molecular e, assim, existem no comércio os seguintes polietilcnoglicóis mais importantes: 200, 300, 400 e 600 que são líquidos, o 1000 que tem a consistência da vaselina filante e o 1540, 4000 e 6000 que são sólidos, semelhantes às ceras. Em todos os casos os polietilenoglicóis não podem ser considerados como produtos puros, mas antes como misturas com nítida predominância de um dado polímero.
O composto conhecido por PEG 1500 trata-se de um caso particular de composição, pois é obtido por mistura, em partes iguais, de PEG 300 com PEG 1540. Desta circunstância deriva o fato do seu peso molecular constituir uma exceção à regra enunciada (P. M. 500-600), embora a sua viscosidade seja próxima da do polietilenoglicol 1000.
Nos Estados Unidos da América do Norte encontram-se comercializados, com o nome de Carbowax,, os polietilenoglicóis sólidos. Entre nós é hábito designar todos os polietilnoglicóis por macrogóis, nome também
adotado na Grã-Bretanha. Na Itália fabricam-nos com a designação de Idropostal e na França com a de ScuroL.
O polietilenoglicol 1500 apresenta um peso molecular compreendido entre 500 e 600 e tem uma consistência semelhante à da vaselina filante. Devido ao seu baixo peso molecular é mais solúvel na água e nos solventes apoiares do que o PEG 1000. Compreende- se, também, que a penetrabilidade cutânea do Carbowax 1500 seja maior do que a dos restantes polietilenoglicóis sólidos, uma vez que o seu coeficiente de partilha O/A é mais elevado.
Sendo compostos solúveis em água constituem excipientes facilmente laváveis que não mancham a roupa. Entre os seus inconvenientes salientamos a elevada higroscopia que exibem, a qual pode levar à remoção da água das camadas cutâneas mais profundas da pele dos doentes. Tal circunstância leva a restringir o seu uso em dermatoses, como o eczema, acne e psoríases, doenças em que, segundo BACH, estão contraindicados. Este inconveniente pode remediar-se associando-os à água (5 a 15 %) e à lanolina, como
recomenda BÜCHL.
As bases dermatológicas preparadas com os polietilenoglicóis têm, em regra, pH 6-7, fato que advoga o valor da sua tolerabilidade local. Em termos gerais, são pouco invadidos pêlos fungos e evitam as hidrólises de muitos fármacos. Entretanto, mostram-se incompatíveis com numerosas substâncias, que frequentemente reagem com eles pelas funções alcoólicas primárias. É o caso das penicilinas, da bacitracina e do clorofenicol, que são destruídos pêlos polietilenoglicóis. O fenol, resorcina, barbitúricos, taninos, ácido salicílico, iodo, crisarobina, pirocalequina, ácido undecilénico, sulfatiazole muitos outros compostos são incompatíveis com os polietilenoglicóis.
Associam-se, com frequência, a outros excipientes, designadamente agentes tensioactivos,
como o sulfato de laurilo e sódio.
Uma mistura de polietilenoglicóis muito utilizada (pomada de polietilenoglicóis) consiste na associação de 40-50 partes de PEG 4000 com 60-50 partes de PEG 400. A mistura citada, que está inscrita na U.S.P. e que foi proposta para a nossa Farmacopeia, apresenta uma consistência de vaselina filante e é altamente hidrossolúvel, não permitindo, por isso, a adição de elevadas quantidades de água. A fim de melhorar a retenção da água, sem liquefacção, ou mesmo criar condições de fixação de soluções etanólicas, tem-se proposto a adição de álcool cetílico:
PEG 4000 ........................................................ 47,5 g
PEG 400 .......................................................... 47,5 g
Álcool cetílico .................................................5g
Esta fórmula absorve 10 % de água c 5 % de álcool etílico. A junção de estearato de zinco, emulgente de A/O, permite melhorar as condições de fixação da agua. A seguinte preparação absorve até 22 g de água, mas a pomada obtida apresenta uma dureza demasiada:
PEG 4000 .......................................................... 45 g
PEG 400 ............................................................ 10 g
Esteararo de zinco ..............................................22g
MEYERS, NADKARNI e ZOPF propuseram, também, o emprego de Span 40, como emulgente A/O, nas misturas de polietilenoglicóis:
PEG 4000 .......................................................... 50 g
PEG 400 ............................................................ 40 g
Span 40 ..............................................................l g
A referida mistura fixa, perfeitamente, pelo menos 9 % de água. Recentemente, CHANDRANONDNAIWINIT e SOMMERS propuseram a associação de carboxipolimetilenos (Carbopol 934) às pomadas de polietilenoglicóis. A pomada é obtida por mistura de PEG 4000 (40 %} e PEG 400 (60 %) com 0,5 % de carhopol 934 não neutralizado, passando a reter cerca de 30 % de água. Segundo os autores, a capacidade de hidrofilia comparada entre a pomada de polietilenoglicóis (U.S.P.) e a mesma comendo 0,5 % de carbopol 934. Anotemos, como curioso, que estes autores cifram em 19,6% a capacidade de retenção de água pela pomada de polietilenoglicóis, valor que não está de acordo com a literatura anterior, que referia a taxa de 5% de hidrofilia.

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