segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Morfina

É o principal constituinte do ópio e sua concentração varia de 4 a 21%. É usada parenteralmente para produzir sedação como pré-anestésico, para alívio da dor do enfarto de miocárdio e no tratamento do edema pulmonar agudo. A morfina é o protótipo dos opiáceos.

A morfina é bem absorvida pelas mucosas e soluções de continuidade da pele. As injeções intramuscular e cutânea levam a absorção rápida. Após absorção, a morfina deixa rapidamente a corrente circulatória penetrando nos tecidos e orgãos como: rins, fígado, pulmões, baço, adrenal e tireóide, e em menor extensão nos músculos esqueléticos. Devido a proteção propiciada pela barreira hemato-encefálica, a concentração de morfina no cérebro é bem mais baixa. A morfina, como os outros analgésicos usados pelas gestantes, atravessa a barreira hematoencefálica (BHE) e causa depressão respiratória, miose e sindrome de abstinência em recémnascidos.

Após a absorção a morfina sofre biotransformação no fígado, sob ação do sistema enzimático do retículo endoplasmático. A via mais importante na excreção da morfina renal, sendo que de 54% a 74% é pela urina, de 7 a 10% pelas fezes e 3 a 6% pelo ar expirado.

Quanto à eliminação, a morfina apresenta meia vida de 1,9 a 3,1 horas; 80% é excretada em 6 horas, e quase totalmente em 24 horas.

O glicuronato de 6-morfina é um potente agonista do receptor mi produzindo efeto de 13 a 200 vezes mais potente que a morfina. Isso justifica, de certa forma, a maior sensibilidade de neonatos aos efeitos adversos da morfina, visto que os mesmos não conseguem conjugar a morfina com o ácido glicurônico.

A intoxicação  aguda pela morfina geralmente é resultado de doses clínicas excessivas, superdose acidental em farmacodependentes ou por tentativas suicidas. Por ação direta nos centros respiratórios no tronco cerebral, provoca depressão respiratória, fazendo com que a frequência caia para 2 a 4 vezes por minuto. Ainda por ação no SNC, provoca a hipotenção, liberação do hormônio antidiurético e oligúria. Quanto aos efeitos periféricos, provoca constricção brônquica, devido à liberação de histamina, além de dilatação dos vasos cutâneos com aumento da temperatura e transpiração. A tríade pupilas puntiformes, respiração deprimida e coma é um quadro sugestivo de intoxicação aguda por morfina ou outros opióides.

Na intoxicação crônica pode-se observar irregularidade no ciclo menstrual, com decrécimo do apetite sexual e diminuição da fertilidade, frequência respiratória abaixo do normal, geralmente com aumento da pulsação e temperatura, além dos fenômenos de tolerância e dependência já citados.

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